Mais de 20 mortes e centenas de desabrigados: não é tragédia, é falta de política urbana.

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Crédito imagem: Leonardo Baltar/TV Jornal

As chuvas dos últimos meses mostram mais uma vez quão expostas estão as pessoas que moram em áreas de risco na Região Metropolitana do Recife. Mais de 20 mortes e centenas de desabrigados em diversos municípios é um saldo amargo da irresponsabilidade e da omissão dos governos.

Quem teme quando a chuva vem tem endereço certo, tem classe e tem cor. É a população pobre e, em sua maioria negra e feminina, que habita as áreas de morro ou ribeirinhas, a mais impactada, explicitando o racismo ambiental que está incutido no planejamento urbano das cidades, se analisarmos as prioridades orçamentárias. Essas pessoas historicamente excluídas, diante da falta de acesso à terra urbanizada, deram a si mesmas alternativas habitacionais, ocupando os altos e alagados.

São vidas como a do casal de idosos Natalício e Ivonete, vítimas de um deslizamento em Passarinho, onde moravam há quatro anos na busca de mais segurança. Ou a de Maria Eduarda, de 21 anos e grávida de 8 meses, que foi encontrada sem vida em Abreu e Lima.

Na contramão do que deveria ser prioridade para a gestão pública, os recursos e esforços investidos pelas prefeituras estão voltados para planos que, ao invés de garantir a segurança e o bem-viver da população, maquiam as reais necessidades de quem mora em área de risco como morros e beira de canais. São campanhas publicitárias que vendem cidades irreais e se pintam de “inovação urbana” através de ações que não têm compromisso com a diminuição das desigualdades socioespaciais e estão fadadas a promover mais mortes nos morros.

Nesse sentido, torna-se urgente uma política habitacional pautada primeiramente pela vida. Ações de redução e monitoramento dos riscos precisam estar no centro de uma política habitacional para as áreas de morro. A falta de obras estruturais de contenção de encostas e de sistemas de defesa civil efetivos fazem desses governos os principais responsáveis por essas mortes.

Que os desabrigados sejam amparados com soluções definitivas, e não esquecidos e submetidos a abrigos e auxílio aluguel por tempo indeterminado. 

As organizações populares, ONGs, associações comunitárias e de base, técnicas(os), profissionais, pesquisadoras(es) e cidadãs(ãos) em geral exigem o integração das gestões da Região Metropolitana na construção de políticas para que fatos como esses não se repitam.

Assinam esta nota: 

  • Articulação Recife de Luta
  • Ação Comunitária Caranguejo Uçá
  • Ameciclo
  • Bigu Comunicativismo
  • Brigada Popular Alvirrubra 
  • Centro Dom Helder Camara de Estudos e Ação Social – Cendhec
  • Centro Popular de Direitos Humanos (CPDH); 
  • CEPAS
  • CIAPA
  • Coletivas
  • Coletivo A Cidade Somos Nós
  • Coletivo Afronte
  • Coletivo Cabe Mais
  • Coletivo Cara Preta
  • Coletivo Catucá
  • Coletivo M1
  • Coletivo Massapê
  • Coletivo MUDA
  • Coletivo Pão e Tinta
  • Coletivo Periféricas
  • Coletivo Tururu
  • CONAM
  • Cooperativa Arquitetura Urbanismo e Sociedade (CAUS)
  • Direitos Urbanos
  • Diretório Acadêmico Demócrito de Souza Filho (FDR/UFPE) – Gestão Rebuliço
  • Escambo Coletivo;
  • Escola de Formação Quilombo dos Palmares – EQUIP
  • ETAPAS
  • Faça amor, não faça chapinha
  • FASE
  • FOJUNEPE
  • Fórum de Mulheres de Pernambuco
  • Grupo Comunidade Assumindo Suas Crianças
  • Habitat para a Humanidade Brasil
  • IAB PE
  • IBDU
  • INTERSINDICAL
  • Juventude Sem Medo
  • Movimento Social e Cultural Cores do Amanhã
  • MLB
  • MLPC
  • MTST BRASIL
  • Movimento Salve a Quadra do Mangueirão;
  • NAJUP
  • Núcleo de Educadoras/es Populares de Pernambuco
  • Observatório das Metrópoles PE
  • Observatório Popular de Maranguape 1
  • Recital Boca no Trombone
  • Rede de Coletivos Populares do Paulista (COPA)
  • Rede de Educadoras/es Populares do Nordeste
  • Rede Interação
  • Rede de Mulheres Negras de Pernambuco
  • RUA – Juventude Anticapitalista
  • Segmento Popular do PREZEIS
  • Somos Todos Muribeca
  • UJC – União da Juventude Comunista
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